terça-feira, 14 de julho de 2009

MEMORIAL DE LEITURA

MEMORIAL DE NELCI PEREIRA METZ

Acredita-se que a alfabetização começa antes mesmo de ler e escrever. O contato está na literatura infantil, isto é, nos livros de história lidas para as crianças, pelos pais e professores, sendo que estes estarão semeando interesse dos pequenos pelo gosto da leitura; já percebendo que um texto possui pontuação (pausas, exclamação, interrogações).
Por isso, a alfabetização tem seu primeiro contato com a linguagem oral. Significa que a leitura é primordial para o processo de alfabetização e que a leitura na escola deve ultrapassar o mero domínio da técnica, porque ler não é só traduzir, mas compreender e interpretar.
O segundo contato se dá através da linguagem escrita, que por muito tempo a preocupação era apenas com a aprendizagem das letras soltas, da formação de sílabas, para finalmente juntá-las e formar palavras, frases e textos. Passado algum tempo, surgiu a importância e a preocupação de saber interpretá-los. Isso é o que meus pais almejavam quando me enviaram à escola.
Contar histórias é uma arte. A força da história é tamanha que o narrador e ouvintes caminham juntos na trilha do enredo e ocorre uma vibração recíproca de sensibilidade, a ponto de diluir-se o ambiente real frente a magia da palavra que comove e enleva. Assim, todo professor, mesmo sem ser artista, deve contar histórias. Durante toda a minha vida escolar infantil não tenho lembranças de ouvir professores lendo com paixão para seus alunos e muito menos acesso a livros infantis para levarmos pra casa ou atém mesmo ler em sala de aula, apenas a cartilha – O Barquinho Amarelo – A casinha Feliz.
Foi no Ensino Fundamental que tive uma biblioteca inteira a meus pés e uma bibliotecária fantástica que me avisava a cada livro que chegava em suas estantes. Da 5ª até a 7ª série em 1989 li aproximadamente 100 livros da série vaga-lume.
Já na 8ª série lia, o que se considera hoje, pelo mundo acadêmico, “Lixo de literatura” – fotonovelas, Sabrina, Julia, Bianca e Romances Históricos. Era sempre um prazer pra mim, ler até cinco livros por semana.
Já no Ensino Médio, uma mestra em Literatura e com prazer em dar aulas e muito criteriosa em mostrar-nos a história da literatura, professora Vanira Grutzmann, fez com que se efetivasse o Gosto, o prazer pela Literatura Brasileira. Foi ai que descobri que Letras era o caminho mais feliz para uma vida acadêmica. Vida essa que durou apenas quatro anos, mas foi ai que descobri que cada cultura, cada país carrega na literatura sua identidade, seja ela inglesa, norte-americana ou brasileira.
Nessa época, eu tinha aulas de O.S.P.B cujo professor fingia que ensinava e os alunos fingiam que entendiam tudo de Organização Social e Política do Brasil. Infelizmente o mestre pintou de preto essa disciplina que, a meu ver, seria o momento de desenvolver a criticidade em alunos adolescentes.
A leitura que me marcou no E.M. foi Geração do Deserto de Guido Vilmar Sassi, pois uma atitude materna de jogar seu filho aos porcos, ficou marcada como a violação mais cruel aos Direitos Humanos que eu havia lido, pois até então eu lera Romances e romances.
No Curso de Letras tudo foi perfeito, História da Literatura, Literatura Infantil, Americana, Inglesa, Portuguesa e Brasileira. Leitura e muita Leitura, poemas como O Corvo a ser analisado. Germinal de Emile Zola. O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder.
Hoje sou uma leitora por prazer, pois quem lê aos 8 anos “Os 12 Trabalhos de Hércules” para seus 3 irmãos e não para mais de ler. Uma pessoa que lê embalagens de arroz, manteiga, óleo, bala ou chocolate a todo momento, uma pessoa que lê símbolos, imagens e entrelinhas, pode ser considerado um bom leitor. Aliás, tudo o que fazemos por prazer e gosto, é sempre UM PRAZER.

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Gestar II

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Oficina introdutória em 23 de maio de 2009.